“Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom, porque a
sua
misericórdia dura para sempre.” Salmo
136.1
O amor de Deus pode ser considerado de vários pontos de
vista: a graça de Deus; a misericórdia de Deus; a longanimidade de Deus. A
misericórdia de Deus é a Sua devoção ao Seu povo, com quem Ele está livremente
vinculado mediante o compromisso de sua própria graça em Sua aliança.
Misericórdia é uma das
características de Deus. É a suprema expressão da bondade de Deus, é o amor que
salva os pecadores que só merecem a condenação; salva-os, além disso, à custa
da morte de Cristo no Calvário (Rm 5.5-8). Esse amor se exerce somente em
harmonia com a mais estrita justiça de Deus, à vista dos merecimentos de Cristo
(Ef 2.4-5).
O Salmo 116 era
provavelmente usado na adoração do templo. Na liturgia judaica é chamado de o
“Grande Hallel”, recitado na refeição pascoal depois do “pequeno Hallel”
(Hallel significa louvor). Trata-se de uma liturgia antifonal, com um refrão
para ficar na memória (“porque a sua misericórdia dura para sempre”). Um
sacerdote ou solista cantava a primeira parte do verso, e a congregação
respondia com o refrão.
Era um poderoso e comovente convite para louvar a Deus.
“Rendei graças”(v.1), introduz não somente cada um dos três primeiros
versículos e o último, como também (sem ser ouvida), a totalidade dos
versículos ou sequencias neste salmo. Basicamente, significa “confessar” ou
“reconhecer”.
Este Salmo nos conclama à adoração pensativa e grata,
declarando tudo quanto sabemos ou descobrimos da glória de Deus e dos Seus
atos, falando do Seu caráter (v.1) e soberania (v.2, 3); depois,
daquilo que Ele criou – Seus feitos na natureza (v.4-9), daquilo que praticou
– Seus atos de graça na história de Israel (v.10-22), e daquilo que continua
a fazer – Sua misericórdia para com todos (v.23-25).
Somos levados, não a discutir teorias sobre a criação,
mas a deleitar-nos na obra de “amor inabalável”. Somos levados a louvá-lo por
Sua intervenção a nosso favor (o julgamento deste mundo e do seu príncipe a
partir e da cruz e da ressurreição, representados na derrota de faraó e suas
hostes contra Israel).
Os versos 17 a 22, aqui, como em
Salmo 135.10-12, chama a atenção para o papel que uma lembrança grata de fatos
reais desempenha na adoração.
Os versos 23 a 25, talvez seja o resumo da história já
contada, e mais provavelmente a continuam até o tempo presente. Afinal de
contas, “o Seu eterno amor dura para sempre” e o refrão tem a intenção de
mostrar a relevância de cada ato de Deus a todos quantos cantam o salmo. O
verso final retoma o estilo e à tônica do início.
A palavra hebraica “hesed” usada mais de 250
vezes no A.T., e traduzida principalmente por “misericórdia” na Bíblia versão
revista e atualizada tem um significado muito profundo; é quase impossível
traduzi-la adequadamente, porque descreve o âmago da natureza de Deus. É
bondade, benignidade, amor, graça, favor, fidelidade e longanimidade. Só na
pessoa de Jesus podemos compreender este amor persistente.
Rev. Jonas M. Cunha