''Ora, vem Senhor Jesus” (Apocalipse
22.20b).
Eu era seminarista e trabalhava na Baixada
Fluminense. Tomei o ônibus para ir para minha igreja, o famoso Mauá-Mesquita. O
cobrador, vendo-me com a Bíblia, disse: “Garotão, neste natal vou encher a
cara!”. Respondi: “O azar é seu!”.
Para muita gente o natal é
pretexto para beber até cair. Ou comer até passar mal. Os quebradores de dietas
(por que as fazem?) dizem: “É festa, vou quebrar a dieta”. Para muitos, natal é
mera ocasião de rever parentes, trocar presentes, comer e beber. Um evento
social.
A humanidade tenta se
livrar de Deus. Na páscoa, ao invés de lembrar a morte e ressurreição de
Cristo, põe em seu lugar um coelho. Que bota ovos. De chocolate. No natal, ao
invés de lembrar Jesus, põe em seu lugar o exótico papai Noel. Gente que
ironiza hinos como “Alvo mais que a neve” (num país tropical!) exulta com
um velho com um barbaréu enorme, roupa espalhafatosa, casacão e botina. Num
país tropical. Não crê em Jesus porque é absurdo. E aceita renas voadoras.
O carnaval tinha sentido religioso. Vem de carnem levarem, abstenção
da carne. Comemorava-se na véspera da quarta-feira feira de cinzas, quando se
iniciava a abstinência da carne. Os dias anteriores eram aproveitados para
excessos, pois viria a privação. Um evento cristão tornou-se orgia. Assim vai o
natal.
O culto a Deus por causa de Jesus é trocado pela
comilança, vinho, presentes e festa que vara a noite com pessoas não crentes!
Os crentes têm preferido passar o aniversário de Jesus fora da casa de Jesus. E
têm se esquecido do sentido do natal. Testemunhos que ouvi mostram isso: “Foi
um tempo muito bom com parentes que eu não via há tempos”, “Revi parentes”, ou,
ainda, “Estive com familiares de que gosto muito”. Não ouvi um assim: “Falei de
Jesus a parentes não crentes” ou “Li textos bíblicos sobre Jesus e
lhes falei do Salvador” ou, ainda, “Ganhei meus familiares para Jesus”. E
muitos “enchem a cara”.
Numa tira do Estadão, de
31.12.5, o garoto Calvin diz ao seu tigre de pelúcia, Haroldo: “O período
natalino é sempre época de reflexão pessoal. Nós não pensamos em nossas vidas
muito freqüentemente. Esta é a hora para se parar e pensar no que é importante.
É hora de nos dedicarmos à aquisição frenética… hora de espalhar a alegria da
riqueza material… hora de glorificar os excessos pessoais de todo tipo!”.
Haroldo interrompe: “As recompensas terrenas tornaram o consumismo uma religião
popular”. Calvin conclui: “… hora de deixarmos de contentar com pouco”. Eles
têm discípulos nas igrejas.
No natal, não encha a cara. Nem a barriga. Encha-se de
gratidão a Deus por Jesus. Não esvazie sua conta bancária. Esvazie-se de
sua tentativa de viver sem Ele. Presenteie o aniversariante: dê-lhe sua vida.