segunda-feira, 24 de abril de 2017

UMA CONVICÇÃO DE UM CHAMADO PARA SERVIR – HENRY VAN TIL

"O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Provérbios 1.9)



Existe um chamado (vocação) para o serviço. As doutrinas da criação, da providência e da redenção são básicas para a concepção bíblica da vocação cristã. A essência desse conceito é que a atividade cultural do homem, sua conquista da natureza é o culto a Deus (Rm. 12.1).
Quando voltamos ao princípio para entender essas questões, chegamos a conclusão de que fomos chamados para servir, para trabalhar. Esse senso de vocação é fruto da regeneração e restauração à comumhão com Deus. O teólogo reformado John Frame escreve: “O cristão procura trocar seus pneus para a glória de Deus, ao passo que o não cristão não o faz. Porém, esta é uma diferença que não pode ser captada numa fotografia. Ao trocarem pneus, um cristão e um não cristão podem se parecer muito um com o outro”.
Na epístola aos Efésios, Paulo traz relevantes contribuições para entendermos a doutrina da vocação. Ainda que tratando especificamente de dons utilizados no contexto eclesiástico e relacionado ao ensino da Palavra, Paulo fala de vocações distintas (Ef. 6.11). Isso quer dizer que não se poderia esperar que todos fossem pastores, ou apóstolos, ou profetas.
Mais adiante (Ef. 6.5-9), Paulo fala aos senhores e servos. Mais uma vez devemos esperar que todos seja senhores. Paulo não propõe “uma virada de mesa”, uma revolução para que os servos assumam o controle das relações de trabalho, mas uma mudança nas motivações do coração para que “sirvam como se estivessem servindo a Jesus”. E, aos senhores, Paulo apresenta a visão verdadeira e ampla de que somos igualmente servos de Cristo, e não podemos explorar ou humilhar nossos irmãos.
João Batista não incentiva os soldados a buscar libertação do seu chamado depois da conversão (Lc 3,14). A conversão não isenta uma mulher de seus deveres e rotinas como esposa e mãe. Paulo exorta todos a trabalharem com suas mãos e, a viverem de modo sóbrio em suas diversas vocações (1 Ts. 4.11-12; 2 Ts. 3.10-12).
Portanto, uma forma de refletir nosso Criador é sermos criativos exatamente no lugar onde estamos e com os talentos e dons que nos foram dados. Como diz Paulo: “Cada um permaneça na vocação em que foi chamado [...] Irmãos, cada um permaneça diante de Deus naquilo que foi chamado (1 Co. 7.20-24). Ao fazermos isso cumprimos nossa vocação divina de reformar e embelezar nossas várias atividades para a glória de Deus. João Calvino, por exemplo, falando das autoridades civis, visa a coloca-las  no seu devido lugar, declarando que a “autoridade civil é um chamado não somente santo e legal perante Deus, mas, também, o chamado mais sagrado e indiscutivelmente o mais honroso de todos os chamados da vida dos homens mortais (Institutas IV, 20,4).
Devemos concluir entendendo que somos servos dentro e fora da Igreja.