segunda-feira, 10 de julho de 2017

A LUTA CONTRA O PECADO – SÉRIE VIDA CRISTÃ I - RONALDO LINDÓRIO

Eu sou o Deus todo poderoso; anda na minha presença e sê perfeito. (Gênesis 17.1)


A humildade é um claro sinal de maturidade cristã na jornada em busca de uma vida íntegra, pois é fruto da compreensão da nossa total dependência de Deus. Quanto mais buscamos uma vida íntegra na presença de Deus, mais somos confrontados pelo Espírito nas áreas da nossa alma que precisam de conserto, perdão, libertação e cura. E esse confronto gera um espírito de humildade, pois percebemos quem somos e o quanto necessitamos do Senhor em nossas vidas. Outro sinal de maturidade cristã é o contentamento, pois não nos aproximamos do sol ao meio dia sem percebermos a sua luz. Ao nos aproximarmos do Senhor perceberemos, sempre, a Sua bondade nas pequenas e derradeiras coisas da vida. Se você deseja avaliar o crescimento espiritual de um amigo, ou seu próprio, observe a humildade o contentamento.
Devemos lembrar que a busca pela integridade denuncia o pecado. Richard Baxter, teólogo e homem piedoso, afirma em seu livro ‘O pastor aprovado’ que "é mais fácil julgar o pecado que dominá-lo” e desafia-nos a vigiarmos para "não suceder que convivamos com os mesmos pecados contra os quais pregamos”. Em Gn 17:1 lemos que Deus disse a Abraão: “Eu sou o Deus todo poderoso; anda na minha presença e sê perfeito”. Andar na presença de Deus leva-nos ao caminho da perfeição na mesma medida que andar em Sua presença aponta de forma clara as nossas imperfeições.
No processo de santidade o pecado precisa ser denunciado. Não nos tribunais humanos ou nas conversas de bastidores, mas no encontro do pecador com Jesus. Um dos grandes desafios cristãos é definirmos o pecado biblicamente (aquilo que terrivelmente nos afasta de Deus) e não sociologicamente, em uma escala de intensidade daquilo que é mais ou menos aceito pela sociedade.
Quando Paulo nos advertiu dizendo que a carne luta contra o Espírito e este contra a carne, enfatiza que não derrotaremos a carne lutando contra a carne. A carne será derrotada ao sermos cheios do Espírito (Gl 5.17). Isto não dilui a necessidade de estarmos alertas, pois somos encorajados a resistir ao pecado (1Co 10:13), visto que o pecado está à porta e a nós cumpre dominá-lo (Gn 4.7). Significa que os processos de transformação que contrariam a carne se darão pela presença e atuação do Espírito Santo em nossas vidas – e possivelmente uma das primeiras ações do Espírito é injetar repúdio ao pecado em nosso coração. O maior passo para uma vida íntegra e santa é sermos cheios do Espírito.
Somos de Deus, vivamos para Ele e morramos para Ele. Somos de Deus.

A VOZ DE DEUS!

Tornou o SENHOR a chamar: Samuel! Este se levantou, foi a Eli e disse: Eis-me aqui, pois tu me chamaste. Mas ele disse: Não te chamei, meu filho, torna a deitar-te. Porém Samuel ainda não conhecia o SENHOR, e ainda não lhe tinha sido manifestada a palavra do SENHOR”. (1 Samuel 3.6-7)



"Encontramos dois fatos interessantes nesse momento da vida do jovem Samuel. Primeiro, a voz de Deus era tão parecida com a voz de Eli, que ele chegou a se confundir. Somente nos filmes, a voz de Deus ecoa pelo ar! Na vida real, as maneiras como fala são facilmente identificadas com outras vozes, e quem sabe, com a nossa própria voz.
Na sequência, devemos parar e considerar a frase “…Samuel ainda não conhecia o Senhor, e ainda não lhe tinha sido manifestada a palavra do Senhor”. O que vemos aqui é a descrição de um principiante, uma pessoa que estava iniciando o processo de aprendizagem que o tornaria no grande profeta e juiz em Israel.
Compreender isto é importante. Existe um pensamento, entre o povo de Deus, de que a espiritualidade é algo que se herda, ou que pode ser recebida pela imposição de mãos. Muitos cristãos andam de um lado para outro buscando esse “toque”, ou essa “unção” que os torne automaticamente grandes homens ou mulheres de Deus. Estão convencidos de que a grandeza de ilustres personagens, na história do povo de Deus, se deve a alguma visitação especial, ou então à posse de algum dom extraordinário que os tornou diferentes dos outros mortais.
Na verdade, cultivamos a vida espiritual com disciplina. Assim como acontece no desenvolvimento do corpo físico, grande parte do crescimento espiritual depende de elementos que escapam ao nosso controle. Às vezes, nem sequer compreendemos os misteriosos processos que resultam na transformação do nosso coração. O certo é que fomos chamados para caminhar em fidelidade com Deus e permitir que Ele nos conduza rumo à maturidade.
Aqui não há grandes saltos, nem avanços repentinos. Às vezes, experimentamos visitações extraordinárias da Sua presença, mas o crescimento espiritual normal é o resultado de um processo lento e contínuo. O autor da carta aos Hebreus refere-se a isto quando escreveu: “Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal” (5:14). Perceba a frase “pela prática”. Outras versões traduzem “pelo exercício constante”. Seja qual for a tradução, todas destacam um processo de aprendizagem que inclui a possibilidade de equivocar-se, como aconteceu com o jovem Samuel.
Para pensar: Alguém disse certa vez: “Todos querem ser algo na vida; mas ninguém quer crescer.” Que passos você está dando para melhor compreender os mistérios da vida espiritual? Como exercita os seus sentidos para poder discernir entre o bem e o mal? – Christopher Shaw

EU-ÍSMO! – ISALTINO GOMES COELHO

Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo”. (Tg 3.1)




"Eu-ísmo". Você já viu esta palavra antes? Não se preocupe. Nem eu, até o dia em que escrevi esta pastoral. Vi-a num livro de MacArthur, Ouro de tolo – discernindo a verdade numa época de erro. Está no capítulo "Controlando as escolhas – combatendo o consumismo com uma mentalidade bíblica". Gostei tanto dos argumentos que fui orientado para este artiguete. Eis o que MacArthur chama de "Eu-ísmo": "Em essência, consumismo é ‘eu-ísmo’– chamando-nos a exaltar-nos a nós mesmos como árbitros de todas as nossas questões" (p. 179). O capítulo começa com o autor comparando um mercado na Rússia, onde fora pregar, com um mercado norte-americano. Não havia opções no mercado russo. A seção de alimentos era minúscula. De volta aos EUA ele contou as opções americanas: 264 opções de cereal matinal, 62 tipos diferentes de mostarda, 305 opções de desodorantes e 198 variedades de escovas de dente. "O consumidor em primeiro lugar" é o lema do capitalismo americano. Tudo centrado na pessoa como cliente. Ela deve ser bem servida.
           MacArthur diz que esta mentalidade migrou para a igreja. As pessoas escolhem igrejas, pregadores, possibilidades eclesiásticas, como quem escolhe um produto. Trazem a atitude de cliente para a igreja. Os crentes não se vêem mais como servos, mas como clientes a serem servidos. Analisam os produtos para ver qual é o mais vantajoso. Na linguagem corrente, a relação "custo/benefício". Geralmente tais pessoas querem benefício a custo zero. Que os outros sustentem o trabalho do qual ela desfruta.
           Meu filho Beny (isto é um pleonasmo, porque ben y significa "filho de mim"), diácono e vice-presidente numa igreja do Pará, me pediu uma orientação. Como agir com crentes que só vão à igreja se forem visitados? Exigem ser visitados toda semana para irem à igreja. Sugeri-lhe criar uma comissão de visitação e convidar tais pessoas que tanto valorizam visitas a integrá-la. Que saiam a visitar os outros. Ele gostou da idéia. Duvido que tais crentes queiram visitar. Não é o valor ou a necessidade de visita que eles vêem. São clientes. Querem ser paparicados. Isto é "eu-ísmo". Ao invés de centralizar a vida em Deus, o crente centraliza em si. A preocupação não é se as expectativas de Deus foram atendidas em sua vida, mas se suas expectativas foram atendidas na igreja. São o centro da vida. Não são servos, são senhores.
Gosto de ser útil às minhas ovelhas. Atendê-las, ouvi-las e tentar ajudá-las faz-me bem. Dá-me sensação de utilidade. Mas reconheço que boa parte do tempo de um pastor é com crentes "eu-ístas". A consciência de servo, a noção de engajamento e a visão da igreja como uma comunidade onde nos inserimos para lutar por uma causa, isso se esvaiu em nosso meio. Nas igrejas, cada vez mais as pessoas em número cada vez maior querem ser satisfeitas. Tudo deve agradá-las. É o "eu-ísmo". Um convertido verdadeiro entende a vida cristã como "Deus-ísmo" (esta não é do MacArthur, é minha!). Mas há cada vez mais "eu-ístas" que "Deus-ístas" entre nós.
Jesus não é dono de supermercado e você não é um cliente. Você não foi salvo para ter as suas vontades atendidas. Nem a igreja existe para seus caprichos. Você foi salvo para servir a igreja!