''Antes, sede uns para com os outros benignos,
compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos
perdoou” (Efésios 4.32).
Mesmo na igreja, frequentemente, pecamos
uns contra os outros enquanto vivemos e adoramos juntos. Além disso, nem sempre
somos realmente amados pelos outros. Cada um de nós já foi ferido, por vezes
gravemente. Por isso, em meio aos mandamentos para acolher, servir, encorajar e
amar uns aos outros, nós recebemos um mandamento para quando nossos irmãos e
irmãs cristãos falham conosco nessas mesmas coisas. Nossas responsabilidades
mútuas na igreja não cessam se os outros quebram as regras. Em Efésios 4.32, o
apóstolo Paulo orienta os cristãos ofendidos por pecados: “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos
uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”.
Pense em si mesmo
Normalmente, minha primeira reação quando
alguém peca contra mim é pensar em mim mesmo. Minha queixa, meus direitos,
minha perda e meu sofrimento consomem minha mente. Como a Srta. Havisham, de
Charles Dickens, eu coleciono e valorizo cada velho sinal de como fui
injustiçado. Pode ser surpreendente, então, que o Senhor nos mande responder
aos erros em primeiro lugar pensando em nós mesmos. Mas o “como também Deus, em
Cristo, vos perdoou” de Paulo não é um incentivo à autopiedade. Um olhar atento
no espelho de Deus revela não a extensão dos meus ferimentos, mas a medida em
que tenho ferido (Isaías 53.5); não as maneiras que eu tenho sido ofendido, mas
a longa lista de minhas próprias ofensas (Romanos 4.25); não meus sentimentos
de rejeição, mas como eu já rejeitei a Deus (Isaías 53.3). Muitos comentadores
prestativamente conectam Efésios 4.32 à parábola de Jesus do servo incompassivo
(Mateus 18.21-35). O servo é um personagem bíblico familiar. Tendo sua enorme
dívida perdoada, ele imediatamente exige o reembolso de uma dívida muito menor
de um outro servo. Qual era o problema do servo impiedoso? Ele esqueceu de si
mesmo e do tamanho de sua própria dívida.
Pense em seu salvador
Minha segunda resposta quando alguém peca
contra mim é limitar cuidadosamente os termos de perdão. Quero brechas e
exceções. Eu posso perdoar essa pessoa um pouco se for preciso, se ela primeiro
fizer as coisas certas. Como Pedro, eu quero manter o perdão em doses pequenas
e mesquinhas: “sete vezes, Senhor” (Mateus 18.21)? Este mandamento mais uma vez
reorienta nosso pensamento quando nos dirige a meditar sobre o nosso Salvador:
“como Deus, em Cristo, vos perdoou”. O perdão de Deus é completo e irrevogável
(Hebreus 10.17-18). É setenta vezes sete. Você, que foi perdoado, deve ir e
fazer o mesmo, diz Paulo.
Pense em seu irmão
Jesus, porém, não é apenas um exemplo de
perdão. Ele é a fonte de nosso perdão. Essa é uma boa notícia, pois, tendo sido
chamado para perdoar, eu quero sentar e protestar: “Eu não consigo”! Mais cedo,
em Efésios, Paulo nos lembra de como Cristo reconcilia as pessoas afastadas:
“tendo derribado a parede de separação que estava no meio, a inimizade” (2.14).
Por sua obediência, morte e ressurreição, ele nos reconciliou consigo mesmo e
também nos reconciliou com todas as outras pessoas que são reconciliadas com
ele. Embora os cristãos sejam chamados a estar prontos a perdoar mesmo
não-cristãos, “perdoando-vos uns aos outros” (Efésios 4.32) tem um significado
especial para a igreja. Podemos viver em paz uns com os outros, porque “ele é a
nossa paz” (2.14). A obra de Cristo muda tudo. Quando o pecado do meu irmão é
pregado ao lado do meu na cruz, o perdão se torna não apenas uma questão de
cancelar sua dívida em um livro-caixa, zerando as colunas, mas de contribuir
positivamente para o seu bem-estar. “Sede uns para com os outros benignos,
compassivos”, escreve Paulo (4.32).