“...Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós.’’ Colossenses 3.13 b
Vemos famílias sendo destruídas
por causa do ódio de uns pelos outros, parentes que não se falam mais devido a
alguma desavença no passado. Disputas judiciais quanto a herança, bens ou
guarda dos filhos em que o desentendimento é tão grande que não existe mais
espaço para o diálogo e o respeito. Entre as nações não é diferente. O ódio e
as disputas engatilham as inúmeras guerras.
Diante desta realidade só existem duas opções para encararmos esses
fatos: ou perdoamos ou adoecemos.
No trecho de Mateus 18.23 a 35,
Jesus trata desta questão do perdão. Um súdito foi perdoado pelo rei de uma dívida muito grande, que ele não tinha
condições de pagar. Era o equivalente a soma dos impostos recolhidos de todo
Império Romano por 13 anos, cerca de 350 toneladas de ouro. Precisaria
trabalhar 150 mil anos para conseguir quitar essa dívida.
Esse
primeiro trecho (v. 23 ao 27) nos remete ao grande amor de Deus por nós. Sendo
Deus santo e todo o homem pecador, é impossível para nós pagarmos nossa dívida
com Ele, pois todos somos culpados de não cumprir a Lei de Deus. “A alma que
pecar, essa morrerá” (Ez 18.4b).
A narrativa continua e vemos que esse servo
que foi perdoado encontrando um conservo que lhe devia 100 denários, não agiu
da mesma forma, muito pelo contrário, foi cruel sufocando-o e levando-o para a prisão. Esse
valor equivaleria a 3 meses de trabalho, algo que poderia ser quitado.
Ao saber do que havia acontecido o rei
repreendeu aquele aquém tinha perdoado (v. 32 e 33). Esse trecho representa as
nossas dívidas uns com os outros. São ínfimas perto do grande débito que
tínhamos com Deus, portanto, se Deus assim nos perdoou de uma dívida imensa por que negamos o perdão a nossos semelhantes? Mas
esse ato não ficou impune (v. 34-35). O que é ser entregue aos verdugos (ou
carrasco)? Pode significar a nossa própria consciência que nos atormenta.
Enquanto não resolvemos nosso sentimento de mágoa e ódio nosso coração fica cada vez mais adoecido.
Por que não conseguimos de fato viver
esse perdão? A
igreja é a comunidade de pessoas que foram perdoados pelo sangue do Cordeiro.
Gente imperfeita que ainda luta contra o pecado. Por isso o perdão é vital para
mantermos um relacionamento saudável e verdadeiro. A mágoa abre brecha para Satanás causar
destruição. Devemos confessar nossos pecados uns aos outros e perdoar uns aos
outros. Perdoar é
não tratar o faltoso como ele mereceria mas sim com misericórdia. A ideia não é
buscar culpados nem procurar saber quem tem razão, isso não importa! Perdoar é
cancelar a dívida por completo sem mais acusações ou cobranças.
Não importa se
você é o ofensor ou o ofendido. Não podemos dar desculpas e fugir dos que nos magoaram nem
daqueles que nós ofendemos. É preciso enfrentar a realidade. O silêncio e o tempo não resolvem a situação. O perdão é a terapia para a alma, a libertação do
fardo do ódio e da revolta. O perdão é a chave para cura das feridas do coração. O perdão que recebemos é a
medida do perdão que devemos dar.
Presb.
Ronaldo L. Cunha