segunda-feira, 25 de julho de 2016

APTO PARA ENSINAR

É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, 
temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar (1 Timóteo 3.2)




“Deus não me chamou para ser professor!” Se você pensa assim, pode ser que tenha razão:  nem todos os homens são ou precisam ser, “professores natos”. Deus não exige que todos os homens exerçam o ministério de ensino na Igreja local. O dom do ensino (Rm 12.7; 1 Co 14.26) é concedido soberanamente por Deus a alguns indivíduos que são dotadas de uma capacidade sobrenatural de transmitir a verdade e ver vidas transformadas à imagem de Cristo. Mesmo que nem todos recebam o dom do ensino, todos os casados ou pais têm a responsabilidade bíblica de ensinar. No mínimo, podemos dizer que Deus chama homens para pastorear sua própria família, tarefa essa que inclui em grande parte o ensino. Deus, também, responsabiliza os homens pela preservação da sã doutrina confiada à Igreja de Cristo.
Os puritanos entendiam bem o papel do homem como mentor espiritual de toda a família. Leland Ryken, em Santos no Mundo, declara: Famílias não se tornam automaticamente entidades espirituais. Alguém precisa orquestrar as atividades. No pensamento puritano, o pai era essa pessoa. A Bíblia de Genebra afirma que “os chefes de família” devem ser pregadores para suas próprias famílias, para que, desde o maior até o menor, eles obedeçam a vontade de Deus”. Outra responsabilidade puritanta teorizou que “Deus responsabiliza o chefe da família por toda a família”.
O homem de Deus e o ensino em casa. A responsabilidade: Mais uma vez, o lar é o primeiro lugar no qual o homem de Deus exerce a função de professor. Novamente, o ambiente de casa serve de “peneira”, ou ferramenta, para ajudar a identificar o homem fiel no ensino de pequeno rebanho familiar, que em última instância poderá qualificar-se para ensinar o rebanho da Igreja. Você está desempenhando o seu papel como “sacerdote do lar”? Em outras palavras, lidera sua família no estudo da Palavra de Deus? Encoraja a todos a dedicar tempo diário na leitura e meditação na Palavra?

O homem de Deus e o ensino na Igreja. A responsabilidade: A aptidão para ensinar não é um pré-requisito dos diáconos, que aparentemente, estavam mais envolvidos na ministração às necessidades práticas e diárias dos membros da Igreja do que no ensino. Os presbíteros, por sua vez, precisavam estar envolvidos na propagação do verdadeiro evangelho e na refutação de “outros” evangelhos. Mal havia sido removida a pedra do túmulo de Jesus, e falsos mestres já estavam semeando heresias no primeiro século (cf. 1 Tm 1.4). Paulo define ainda melhor o que tem em mente, ao escrever no texto paralelo que esse homem deve ser apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto pra exortar pelo reto ensino como para convencer os que contradiazem (Tt 1.9). Há três aspectos nesse ensino: 1. Deleitar-se na Palavra (apegado à Palavra fiel; v. 1Pe 2.2); 2. Doutrinar (de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino). Capacidade de exortar pelo ensino do verdadeiro evangelho faz parte do caráter desse homem. 3. Defender (como para convencer os que o contradizem), refere-se à capacidade de enfrentar e refutar os “outros evangelhos, defendendo o evangelho contra os opositores.       
David Merkh

sexta-feira, 22 de julho de 2016

HOSPITALEIRO

É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, 
temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar (1 Timóteo 3.2)





Deus considerou a hospitalidade importante o suficiente para fazer parte não somente uma vez, mas duas vezes da lista de qualificações do homem de Deus, líder espiritual da Igreja (1Tm 3.2; Tt 1.18). Por quê?
Podemos encontrar vários motivos para esse fato:
1. Nas culturas bíblicas, a hospitalidade era uma das principais marcas do caráter de um homem benevolente (Gn 18 e 19). Revelava uma pessoa amiga, desprendida, ordeira e generosa – atributos tidos em alta estima.
2.   Como responsável pela família na cultura do Oriente Médio, o home, não a mulher tinha a última palavra sobre o uso da casa para receber outras pessoas.
3.   Ser hospitaleiro significa estar aberto para que as demais características que descrevem o homem de Deus sejam conhecidas. Esta prova de caráter revela se o homem é o que aparenta ser, em um contexto transparente, no qual não há lugar para dissimulações!
Infelizmente, a prática da hospitalidade está ficando cada vez mais rara. Poucas pessoas estão dispostas a convidar outros a compartilhar uma refeição ou passar um tempo em suas casas.
Fatores culturais na Igreja primitiva ajudam a explicar a importância da hospitalidade no homem de Deus e por que foi um ministério estratégico no início da Igreja. Mencionamos algumas das razões a seguir:
1. A perseguição da Igreja era muito freqüente, o que resultava em desemprego, exílio forçado, peregrinação e necessidade de moradia. Um número expressivo de crentes foi disperso (cf. Tg 1.1; 1 Pe 1.1; At 8.1) e eles precisavam de abrigo e refúgios seguros enquanto transitavam.
2.  As estradas e as viagens eram perigosas porque não havia rede de hotéis e hospedaria seguras (cf. Lc 10.25-37).
3. O ministério itinerante dependia de uma rede de Igrejas em casa que dispusesse de hospedeiros dispostos a alimentar, hospedar e encorajar os evangelistas em seus minisérios.
4.        As Igrejas locais funcionavam na casa dos membros, muitas vezes, na casa do líder (v. Cl 4.15; Rm 16.3-5; 1 Co 16.19). Se ele não era hospitaleiro, a Igreja não podia crescer.
Hoje, ser hospitaleiro, automaticamente, envolve toda a família; por esse motivo, o líder espiritual precisa ter uma esposa e uma família com a mesma disposição de servir para o Reino de Deus.        
David Merkh

O CORDÃO DE TRÊS DOBRAS – VIDA ESTÁVEL E EQUILIBRADA

É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, 
temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar (1 Timóteo 3.2)





A invenção do giroscópio revolucionou a navegação marítima e aeronáutica. O giroscópio tem como principal função manter sempre a orientação paralela ao horizonte. Ou seja, o giroscópio continua estável quando tudo ao redor está uma bagunça. Hoje em dia, na aeronáutica, são montados dois giroscópios perpendiculares, possibilitando a detecção da mais mínima mudança de orientação do veículo. O homem de Deus, direcionado pelo “giroscopio” da Palavra e do Espírito de Deus, tem uma vida estável e equilibrada. No entanto, em muitos homens falta essa orientação básica para a vida. Sofrem freqüentes altos e baixos, são inconstantes, aderem a cada novo modismo que surge ou, como diriam alguns, são “de lua”.
Paulo descreve os homens com esse perfil e, antes, declara que o alvo para o homem de Deus é a “perfeita varonilidade”, a “medida da estatura da plenitude de Cristo”: “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (Efésios 4.13-14).  Vivemos num mundo de extremos, em que a vida de muitos está fora de controle; são pessoas levadas de um lado a outro por vícios, paixões desequilibradas e perversões. As paixões desenfreadas e o desejo por gratificação imediata tiram o nosso foco das prioridades eternas, roubam-nos o equilíbrio e destroem o respeito mútuo. Tratam-se de verdadeiros ídolos que erguemos no nosso coração, tomando o lugar de Deus e levando-nos ao caos, à desordem interior e exterior; à dissolução e ao desequilíbrio. No contexto eclesiástico, os modismos, as ondas de doutrinas e práticas exageradas e excêntricas tem feito da Igreja uma piada para muitos de dentro e fora dela. A cada dia parecem surgir mais práticas alheias às Escrituras, aliadas a fórmulas e pacote ministeriais que, apesar de prometer o sucesso da Igreja, muitas vezes, são o motor de divisão e confusão entre seguidores e fiéis.

Ao descrever as qualidades de caráter de um homem de Deus, Paulo inclui mais três atributos essenciais que estão entrelaçados. Estes nos fazem lembrar que o autor de Eclesiastes chama de cordão de três dobras que não se arrebenta com facilidade (Ec. 4.12). Os três termos que Paulo usa estão interligados a tal ponto que vamos considerá-los como um conjunto, destacando a progressão lógica existente entre eles. Descrevem um homem sensato, disciplinado e ordeiro. A idéia é de um homem equilibrado! Ele deve ser um homem sóbrio, completamente racional [...] bem equilibrado [...] uma pessoa discreta e prudente. Quais são as razões pelas quais Deus quer que homens lideres da família de Deus sejam estáveis e equilibrados? Que perigos correm a família e a sociedade em geral, quando os homens são instáveis e desequilibrados? Você tem visto o estrado que um homem instável e desequilibrado pode causar em sua família, Igreja, trabalho e comunidade? Os termos “temperante”, “sóbrio” e “modesto” têm sido traduzidos e definidos de muitas maneiras, criando certa confusão na tentativa de diferenciar o significado de cada um. A nosso ver; no entanto, parece haver uma sobreposição de campo semântico entre eles. Como conjunto, apresentam o perfil de um homem sob controle, equilibrado, estável e respeitável.          
David Merkh

HOMEM DE UMA SÓ MULHER

É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, 

temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar” (1 Timóteo 3.2)






O texto original enfatiza a palavra “uma”, que aparece antecipada na frase; literalmente, “de uma mulher, marido”. A ideia é que uma, e somente uma mulher está na mente e no coração do homem de Deus. “O determinante numeral ‘uma’ recebe ênfase na frase, portanto, se insere que o líder não pode ter nada a ver com outra mulher. O pecado conjugal desqualifica o homem para a tarefa de supervisão [da Igreja] (Kent Jr.,  Homer A. The Pastoral Epistles, p. 122). Ele, por sua vez, deve estar totalmente dedicado a ela, e tanto seu comportamento público quanto particular dão evidências disso. Na busca por líderes dignos da família de Deus,  Timóteo e Tito usariam a peneira do casamento e da fidelidade conjugal para a primeira avaliação!
O homem de Deus é consagrado e fiel à esposa, em pensamentos e atitudes. Essa fidelidade à aliança conjugal serve de reflexo da fidelidade de Jesus com respeito à aliança que ele tem com a Igreja (Ef. 5.32, 33); serve, também, de espelho do compromisso, intimidade, unidade na diversidade e dos papéis que existem na própria Trindade (Gn 1.26-27). Por isso, e especialmente à luz da promiscuidade predominante naqueles dias (e hoje), o testemunho da fidelidade sexual do homem seria algo impactante na comunidade. Seria uma evidencia da atuação sobrenatural de Deus, um exemplo de ‘sal e luz’ que atrairia as pessoas para Cristo.
Note que essa qualidade de caráter é apresentada de forma positiva, não negativa. A ordem divina poderia ser: “não seja um adúltero” A ênfase está na devoção do homem de Deus à esposa, não no fato de nunca ser pego em imoralidade. Tudo indica que o homem está vivendo hoje uma vida de devoção e exclusividade com a própria esposa, nas esferas emocional, física e espiritual.
Pureza moral não se limita ao âmbito externo; refere-se, também, ao interno. Certamente que o fator externo seria mais visível e fácil de avaliar quando Timóteo e Tito estivessem procurando possíveis líderes para o trabalho em suas respectivas Igrejas. Contudo, nas palavras de Jesus, entendemos que o coração é a essência da questão: “Ouvistes o que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela (Mateus 5.27, 28).
Essa qualidade de caráter inclui tanto homens casados como solteiros; nada no texto indica que o homem pode ser um playboy até assumir os votos conjugais e depois automaticamente se tornar um marido consagrado e puro. Muito pelo contrário; os hábitos estabelecidos na juventude influenciam muito a pureza moral após o casamento. 
David Merkh