É necessário, portanto, que o bispo seja
irrepreensível, esposo de uma só mulher,
temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro,
apto para ensinar (1 Timóteo 3.2)
A invenção do giroscópio revolucionou a
navegação marítima e aeronáutica. O giroscópio tem como principal função manter
sempre a orientação paralela ao horizonte. Ou seja, o giroscópio continua
estável quando tudo ao redor está uma bagunça. Hoje em dia, na aeronáutica, são
montados dois giroscópios perpendiculares, possibilitando a detecção da mais
mínima mudança de orientação do veículo. O homem de Deus, direcionado pelo
“giroscopio” da Palavra e do Espírito de Deus, tem uma vida estável e
equilibrada. No entanto, em muitos homens falta essa orientação básica para a vida.
Sofrem freqüentes altos e baixos, são inconstantes, aderem a cada novo modismo
que surge ou, como diriam alguns, são “de lua”.
Paulo descreve os homens com esse perfil e, antes,
declara que o alvo para o homem de Deus é a “perfeita varonilidade”, a “medida
da estatura da plenitude de Cristo”: “até
que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à
perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que
não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao
redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com
que induzem ao erro” (Efésios 4.13-14). Vivemos num mundo de extremos, em que a vida
de muitos está fora de controle; são pessoas levadas de um lado a outro por
vícios, paixões desequilibradas e perversões. As paixões desenfreadas e o
desejo por gratificação imediata tiram o nosso foco das prioridades eternas,
roubam-nos o equilíbrio e destroem o respeito mútuo. Tratam-se de verdadeiros
ídolos que erguemos no nosso coração, tomando o lugar de Deus e levando-nos ao
caos, à desordem interior e exterior; à dissolução e ao desequilíbrio. No
contexto eclesiástico, os modismos, as ondas de doutrinas e práticas exageradas
e excêntricas tem feito da Igreja uma piada para muitos de dentro e fora dela.
A cada dia parecem surgir mais práticas alheias às Escrituras, aliadas a
fórmulas e pacote ministeriais que, apesar de prometer o sucesso da Igreja,
muitas vezes, são o motor de divisão e confusão entre seguidores e fiéis.
Ao descrever as qualidades de caráter de um homem
de Deus, Paulo inclui mais três atributos essenciais que estão entrelaçados.
Estes nos fazem lembrar que o autor de Eclesiastes chama de cordão de três dobras que não se
arrebenta com facilidade (Ec. 4.12). Os três termos que Paulo usa estão
interligados a tal ponto que vamos considerá-los como um conjunto, destacando a
progressão lógica existente entre eles. Descrevem um homem sensato,
disciplinado e ordeiro. A idéia é de um homem equilibrado! Ele deve ser um
homem sóbrio, completamente racional [...] bem equilibrado [...] uma pessoa
discreta e prudente. Quais são as razões pelas quais Deus quer que homens
lideres da família de Deus sejam estáveis e equilibrados? Que perigos correm a
família e a sociedade em geral, quando os homens são instáveis e
desequilibrados? Você tem visto o estrado que um homem instável e
desequilibrado pode causar em sua família, Igreja, trabalho e comunidade? Os
termos “temperante”, “sóbrio” e “modesto” têm sido traduzidos e definidos de
muitas maneiras, criando certa confusão na tentativa de diferenciar o
significado de cada um. A nosso ver; no entanto, parece haver uma sobreposição
de campo semântico entre eles. Como conjunto, apresentam o perfil de um homem
sob controle, equilibrado, estável e respeitável.
David Merkh