“Também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja .” Mateus 16.18
Poucos textos da Bíblia são tão incompreendidos quanto Mateus 16. 18-19. Nesses dias de renúncia e eleição de papa, alguns vão usar esses versos para afirmar que Pedro foi o primeiro papa. Pedro foi papa? Qual é, afinal, o fundamento da Igreja? Até o bom senso garante que a Igreja não foi fundada sobre Pedro, cujo caráter revelou-se fraco, inconstante, infiel e de pouca firmeza. Por que Cristo confiaria a Igreja a um homem com tantos defeitos? O que seria da Igreja com um líder tão em falta?
Se Pedro não fundou a Igreja, o que significam estas palavras: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. Como se sabe, Pedro foi conhecido por três nomes: Simão (hebraico) Cefas (aramaico) e Pedro (grego). Em grego, Pedro (petros) quer dizer pedrinha, fragmento. Mas não foi sobre a pedrinha que a Igreja foi edificada. Foi sobre a pedra (petra, em grego), que é Cristo. O apóstolo Pedro deixou isso claro em At 4.11: Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores... Paulo também declarou: Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo (I Co 3.11).
As palavras de Cristo registradas em Mt 16.18 mostram que até ali a Igreja não existia, embora já houvesse crentes. Ela só começaria no dia de Pentecostes, com a chegada do Espírito Santo. Ainda hoje o carpinteiro está edificando a sua Igreja. É oportuna a lembrança de que a Igreja pertence a Cristo. Não é do pastor. Não é da liderança. Não pertence aos crentes. É de Cristo. “Minha Igreja”.
Enquanto falava do começo, Cristo também previu o futuro glorioso de sua Igreja. “As portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Essas palavras asseguram vitória sobre os poderes do inferno e das trevas. Como se sabe, as cidades antigas eram cercadas por muros altos, que garantiam a proteção de seus moradores. Todos entravam e saiam pela única porta, geralmente alta, forte e resistente. Quando um exército pretendia dominar certa cidade, se esforçava para quebrar, derrubar ou queimar as portas. Quando a porta resistia, a segurança e proteção estavam garantidas. Como exército de Deus, a Igreja militante deve atacar as portas do inferno, entrar nas cidades dominadas pelo inimigo e resgatar pessoas cativas. Para cumprir tal missão, o Senhor promete poder, diante do qual o inimigo não resiste.
Cristo ainda falou da autoridade de ligar e desligar. A Igreja tem poder de salvar ou fazer perecer? Se a Igreja ligar ou desligar alguém, o céu está obrigado a obedecer tal comando? Não se deve pensar assim, porque Cristo é o único Salvador (At 4.12). Ainda que não tenha o poder de salvar, tem autoridade de ligar e desligar no sentido de apresentar o Salvador e a salvação, diante dos quais os homens são ligados ou desligados com Deus. A chave é a pregação. Aliás, Deus deu as chaves do reino dos céus para Pedro, não no sentido dele salvar alguém, mas como as chaves abrem portas, Pedro teve o privilégio de abrir a porta da pregação evangélica aos judeus, aos samaritanos e aos primeiros gentios. Este é o fundamento e a função da Igreja.
Pr.A. Paulo.