terça-feira, 29 de outubro de 2013

O Cenáculo

“Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja com vocês! 
...Assim como o Pai me enviou, eu os envio”. João 20.19,21


A versão de João para a Grande Comissão está permeada por quatro expressões curtas e incisivas, que Jesus proferiu aos seus discípulos. Primeiro Jesus lhes deu uma garantia de paz. Na noite do primeiro dia de Páscoa, os apóstolos estavam reunidos a portas fechadas, cheios de medo.  Então Jesus veio e se colocou entre eles, e ministrou paz a suas mentes e consciências atribuladas. Shalom era saudação convencional, mas tem aqui um significado mais profundo. Jesus mostrou aos discípulos suas mãos e seu lado, confirmando sua palavra com um sinal, como na Ceia do Senhor.
 Segundo, Jesus lhes deu um modelo de missões. “Assim como o Pai me enviou, eu os envio” (v. 21). A missão de Jesus envolveu a encarnação, descrita como “o exemplo mais espetacular de identificação transcultural na história da humanidade”. Ela foi identificação total, porém sem perda de identidade, pois ao tornar-se um de nós ele não deixou de ser ele mesmo. Agora ele nos envia ao mundo como o Pai o enviara. Toda missão autêntica é missão encarnacional, ou seja, implica necessariamente entrar no mundo das pessoas.
 Terceiro, Jesus lhes deu uma promessa do Espírito Santo. Ele soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo” (v.22). Os discípulos não saíram para proclamar o evangelho por conta própria. Missão sem o Espírito Santo é impossível. É ele quem nos equipa e capacita para o evangelismo. Em outro lugar Jesus disse aos discípulos que esperassem a vinda do Espírito. Seu sopro sobre eles foi uma parábola encenada confirmando a promessa que eles receberiam mais tarde.
 Quarto, Jesus lhes deu o evangelho da salvação: “Se perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não estarão perdoados” (v.23). Trata-se de mais uma afirmação controversa, sobre a qual a Igreja Católica Romana tem baseado a afirmação de que os sacerdotes têm autoridade judicial para ouvir confissões e conceder o perdão. Em nenhuma ocasião sequer, no entanto, os apóstolos exigiram confissão ou concederam absolvição. Antes, pregaram o evangelho da salvação com autoridade, prometendo o perdão para aqueles que cressem e o juízo para os que o recusassem.
 Rev. Jonas M. Cunha
(Extraído de A Bíblia Toda o Ano Todo, de John Stott)