“Louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso,
acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. Atos 2.42
A palavra “gueto” refere-se, originalmente, ao “bairro onde os judeus eram forçados a morar, em certas cidades europeias (durante a guerra iniciada pelos nazistas); por extensão: bairro, em qualquer cidade, onde são confinadas certas minorias por imposições econômicas e/ou raciais”. Ao aplicar esta palavra para a igreja, referimo-nos ao fato de que a igreja vive confinada dentro das quatro paredes do templo, isolada do local em que está plantada, sem se relacionar com o bairro ou cidade em que está plantada.
Atos 2.42-47 registra como a igreja, recém-nascida, no dia de Pentecoste, vivia. A princípio, o texto mostra um modo de vida bastante focado nas próprias pessoas que faziam parte da igreja. As pessoas da primeira comunidade cristã estavam sempre juntas estudando a Palavra, orando, celebrando a ceia, e em comunhão, compartilhando inclusive os bens para ajudar os necessitados. Eles além de irem ao templo, também se reuniam nas casas uns dos outros, vivendo em união. Então, no verso 47 somos informados de que a igreja gozava de boa reputação, ou, eram elogiados pelo povo, e crescia em número.
A questão que nos chama a atenção é: como que a igreja tinha aprovação do povo e aumentava o número dos que iam sendo salvos, se ela vivia sempre junta, em comunhão? A resposta é relevante para nós, pois, vivemos em tempos em que a igreja parece que vive isolada do mundo, falando uma linguagem própria, com programações e atividades próprias, fechada à comunidade, voltada para si mesma, e por isto mesmo criticada pelo povo e diminuindo em número.
O que o texto não diz diretamente, mas está implícito nas entrelinhas é que, apesar de viverem unidos, eles não estavam fechados para as pessoas ao seu redor. Eles convivam com os irmãos da igreja, mas também se relacionavam com as pessoas de fora da igreja, imitando o modo de vida de Jesus. Ou seja, a igreja não vivia num gueto, mas envolvia-se com a comunidade em que estava inserida. Como diz o comentarista I. Howard Marshall: “A atividade evangelizadora da Igreja continuava diariamente. Na medida em que os cristãos eram vistos e ouvidos pelo restante do povo em Jerusalém, suas atividades formavam uma oportunidade para o testemunho” (Atos – introdução e comentário).
Que a nossa igreja possa seguir este bom exemplo, entendendo que a igreja cresce por ação de Deus através dos crentes, e que, portanto, nossa igreja tem um papel a desempenhar no local em que foi plantada.
Rev. Jonas M. Cunha