“Preservando a palavra da vida, para que, no Dia de
Cristo, eu me glorie de que não corri em vão...” Fp 2.16
Houve um tempo, no
Brasil, em que o cristão era conhecido como “o Bíblia” ou “aquela gente do
livro da capa preta”. Embora esse apelido fosse empregado de forma depreciativa
pelos de fora da igreja, assim como o próprio termo “cristão” foi cunhado pela
primeira vez, em Antioquia (At 11.26), o apelido evidenciava a ênfase, os
valores, as crenças daquele povo. De alguma maneira, o motivo da chacota era
também o que tornava os cristãos distintos no mundo em que viviam.
O verdadeiro cristão ama
a Bíblia. Ela tem o peso da autoridade da Palavra divina. É este o argumento de
Paulo em 2Tm 3.16-17. Ele afirma de forma clara e inquestionável a autoridade
absoluta das Escrituras. E após esclarecer que Deus é o autor da Bíblia, o
apóstolo passa a alistar como podemos nos beneficiar dela. Por outro lado,
podemos dizer que as Escrituras são serão proveitosas em nossas vidas, se antes
não a reconhecermos como a Palavra de Deus.
Calvino comenta que
“Paulo, para afirmar a autoridade da Palavra, ensina que ela é inspirada por
Deus. Porque se esse é o caso, então, não há qualquer dúvida que os homens
devem recebê-la com reverência. Eis aqui o princípio que distingue nossa
religião de todas as demais, ou seja: sabemos que Deus nos falou e estamos
plenamente convencidos de que os profetas não falaram de si próprios, mas que,
como órgãos do Espírito Santo, pronunciaram somente aquilo para o qual foram do
céu comissionados a declarar”. (2 Pe 1.20-21).
As Escrituras são claras
em afirmar Sua própria autoridade, poder e fonte divinas. O Salmo 119 enaltece
repetidamente a Lei, santificando-a e afirmando sua capacidade de transformar,
vivificar, animar, sustentar, guiar, nutrir, fortalecer, iluminar, encorajar,
ensinar, advertir, exortar, corrigir. Através dela podemos conhecer a Deus,
Seus atributos, Seu caráter, Sua grandeza, poder e glória, e sobre nós, nossa
criação, queda e condição, e Seu plano redentor.
Entretanto, a Bíblia tem enfrentado os mais
brutais ataques ao longo dos séculos.
Houve tentativas de desacreditá-la, diminuir sua relevância, com o
secularismo, pela negação de valores absolutos que caracterizam o pós-modernismo,
e de dentro da própria comunidade cristã, pelos liberais e neo-ortodoxos, e
mais recentemente pelos hiper-pentecostais, que suprimem a autoridade e
suficiência das Escrituras, substituindo-as ou equiparando-as a experiências
místicas e novas revelações. Mas Deus mesmo a defende e preserva. Por isso,
devemos nos aproximar da Bíblia com reverência. Temos que amar a Bíblia.
Rev. Jonas M. Cunha